Leandro Canova

Casar ou morar junto.

(Leia com Atenção)
Casar e morar junto são duas coisas completamente diferentes. Não tem nada a ver com seu status no cartório. Tem a ver com entrega. Você pode casar com todas as honras. Dar uma festa linda. Gastar os tubos na Lua de Mel. Se mudar com o marido para um apartamento lindo. pronto. decorado. cheio de almofadas em cima da cama… Vocês podem ter se casado – mas vão demorar muito pra saber o que é morar junto. Acho que existem casais que se casam com pompas, e nunca talvez tenham realmente morado juntos. Morar junto é saber dividir.
Saber cobrar.
Saber ceder.
Saber doar.
Morar junto é dividir as contas e as almas. Morar junto é ter um pilha de louça pra lavar, depois de um dia terrível de 10 horas de trabalho.
E o outro cantar com você para que, em um karaokê com detergente, o trabalho se torne divertido. Morar junto é ter que assistir Homem Aranha no Telecine Action, e se esforçar para achar legal. Morar junto é tomar banho junto.
Transformar o chuveiro em uma cachoeira. (e o banheiro em um charco)
Morar junto é ouvir onde dói no outro. Do que ele sente medo. Onde ele é criança. O que o deixa frágil. Morar junto é poder chorar sem parar. E ser ouvida. E cuidada. Mas é também rir. E achar graça em alguma coisa, quando o outro está pra baixo.
Morar junto é fazer contabilidade de frustrações, e saber quando não colocar na conta do outro.
Morar junto é demorar para levantar.
Morar junto não precisa de uma casa, e sim de um espaço.
Quem mora junto geralmente é solidário. Casar não. Qualquer um casa. Pra casar basta assinatura e champanhe. Casar leva umas horas.
Morar junto leva tempo. O tempo todo. Quando moramos juntos vemos o cabelo dele crescer e ela cortar uma franja.
Quando moramos juntos viramos adultos aos pouquinhos, dando um adeus doído ao adolescente que éramos.
Quando moramos junto mudamos junto.
E o outro vira um outro diferente com os anos. E nós vamos aprendendo a amar aquela nova pessoa, todo dia.
Até o dia que, talvez, deixemos de morar juntos.
DA
Editado por Maria Emília Daniel

Siga nas redes sociais @palestranteleandrocanova

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *